Jornal ÉME – Guiné Bissau – 02.10.23 – O embaixador extraordinário e plenipotenciário da República de Angola na Guiné-Bissau, Mário Augusto, entregou no início da manhã desta segunda-feira, 02 de outubro, um convite formal do chefe de Estado angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, para participar numa conferência sobre a cultura da paz a realizar-se em Luanda, em novembro deste ano.

Mário Augusto, embaixador de Angola na Guiné-Bissau

“Eu fui o portador de uma mensagem do Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, ao seu homólogo Umaro Sissoco Embaló, que convida o Presidente da Guiné-Bissau à bienal de Luanda, cultura da paz, a realizar-se de 22 a 24 de novembro de 2023”, disse o diplomata angolano na sua declaração aos jornalistas, à saída da audiência com o chefe de Estado guineense.

Mário Augusto explicou que a iniciativa é uma plataforma que vai congregar vários países africanos e de outros continentes, acrescentando que é uma plataforma que vai ajudar bastante os países africanos a terem um espaço de concertação política e diplomática para verem todas as questões que o continente africano tem vindo a enfrentar.

Questionado sobre as relações de cooperação entre Luanda e Bissau, disse que as relações de cooperação entre os dois países tiveram momentos bons até o ano 2012.

Em abril de 2012, ocorreu o golpe de estado que afastou o governo do PAIGC, tendo sido instaladas novas autoridades que exigiram a partida da missão militar e das forças de segurança angolanas de manutenção da paz na Guiné-Bissau. A missão de Angola na Guiné-Bissau (MISSIANG) foi criada ao abrigo de um protocolo assinado entre os dois países com o objectivo de ajudar a Guiné na execução do Programa de Reforma das Forças Armadas e de segurança.

O diplomata assegurou que de 2012 à data presente a situação de cooperação está de certa forma suspensa, “porque nós precisamos de restabelecer todos os acordos e protocolos que terão necessidade de serem revistos para serem implementados, porque o contexto é completamente diferente, 2023 é diferente de 2012, portanto há toda uma necessidade de revisitar os protocolos de cooperação para dar-lhes uma nova dinâmica”.

Explicou que depois dos governos de Angola e da Guiné-Bissau trabalharem na questão da revisão do protocolo de cooperação, será possível dar início a implementação dos mesmos acordos e se poderá fazer uma avaliação mais positiva ou mais firme.

“Por enquanto, julgo que devemos ainda trabalhar de maneira a que haja a possibilidade de concertação, isto é, o ministérios dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e o ministério das Relações Exteriores de Angola, possam encontrar-se para trabalharem nos instrumentos jurídicos que possam apoiar a cooperação bilateral”, referiu.

Sobre a presidência da Guiné-Bissau na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2025, Mário Augusto disse que ainda é muito cedo para falar sobre o assunto, dado que a organização ainda está a ser dirigida por São Tomé e Príncipe.

“É sempre bem-vindo que a Guiné-Bissau tenha apresentado a sua candidatura e sido aprovada por unanimidade a nível da cimeira dos chefes de Estado e do Governo da CPLP. Vamos aguardar, porque ainda temos a presidência de São Tomé que tem um programa de trabalho e vai efectivamente terminar. Quando terminar a presidência de São Tomé, aí sim poderemos ver qual será o programa que a Guiné-Bissau na qualidade de presidente da organização vai apresentar”, enfatizou.