Jornal ÉME – Luanda – 15.02.23 – A maior manifestação cultural angolana, o Carnaval, vai decorrer em Luanda, de 18 a 21 de Fevereiro, onde prevê-se a participação de 13 grupos na classe A, 17 na infantil e cinco na classe B.

A maior manifestação cultural nacional vai estar sempre ligada à figura do primeiro Presidente de Angola, Drº António Agostinho Neto, que no discurso proferido a 27 de Março de 1978, no município do Cazenga “batizou” a festa do povo como sendo o “Carnaval da vitória”, para comemorar as vitórias conquistadas pelo povo angolano. 

“Vamos fazer o nosso Carnaval. Não o Carnaval dos tugas, que eram só bailes. Vamos dançar o nosso Carnaval nas ruas, como fazíamos antigamente”, disse na ocasião o fundador e Herói da Nação Angolana.

Até hoje foram realizadas 44 edições do Carnaval da vitória, sendo que a primeira ocorreu na 5ª Avenida, no município do Cazenga. Actualmente o entrudo tem como palco a Nova Marginal de Luanda, local onde os grupos carnavalescos desfilam com trajes tradicionais, acompanhados de carros alegóricos, ao som de batuques, reco-reco, marimba, latas, apitos e outros instrumentos musicais, sem deixar de parte as habituais danças da Kazukuta, Kabetula, Semba sempre acompanhados pela falange de apoio.

O vencedor da primeira edição, em 1978, foi o grupo União Operário Kabocomeu, do Sambizanga, organização que se notabilizou pelo uso de indumentárias e sombrinhas pretas.

O União Mundo da Ilha é o campeão dos campeões com 14 títulos conquistados. Seguem-se na lista dos mais titulados o União Kiela com cinco prémios, o União 10 de Dezembro com quatro, a União Angola Independente e a União Sagrada Esperança com três troféus, respectivamente.

Dionísio Rocha, uma das figuras que conhece bem o carnaval angolano, diz que o modelo adotado, em que os grupos baixam de divisão, tal como acontece nos campeonatos de futebol”, contribuiu para uma diminuição considerável da qualidade do Entrudo.

“Se participam 12 grupos concorrentes, descem seis e ficam apenas outros seis então no ano seguinte há menos concorrentes e, por conseguinte, menos qualidade”, sublinha Dionísio.

Poly Rocha, um dos rostos mais visíveis do grupo União Recreativo Kilamba, entende que o Carnaval da Vitória é, hoje, visto de uma forma mais evoluída, uma vez que foram queimadas etapas que levaram ao Carnaval que agora se faz.

 “Hoje, estamos no século XXI e, obviamente, muitas coisas devem mudar em relação ao Carnaval do século XX. Agora há mais cor, mais alegria, mais folia”, considera.

Segundo o dançarino, ainda estão bem patentes os hábitos do antigo Carnaval, pois “ainda se encontram nos grupos a corte, as bessanganas, os pescadores, a ala do xinguilamento, traços marcantes da nossa cultura”, descreve.

A grande festa do povo para este ano está marcada para sábado (18), com o desfile dos grupos infantis.

Domingo, 19, e Segunda 20, estão reservados para as classes A e B, respectivamente, com os desfiles a decorrerem a partir das 16 horas, na Nova Marginal de Luanda.

No dia 21, terça-feira será realizado o Carnaval de Rua e no dia 22, serão divulgados os resultados, enquanto a cerimónia de entrega de prémios está agendada para 25 de Fevereiro.

NBS/EMS