By: Nzongo Bernardo dos Santos
Jornal ÉME – Luanda – 13.08.2025 – Na sequência dos tumultos que ocorreram entre os dias 28,29 e 30 de Julho em Luanda e noutras províncias do país, recebi de um amigo uma mensagem via Whatsaap, questionando, “afinal, que Angola queremos deixar para os nossos filhos”?
Sem pestanejar e nem pensar duas vezes, no mesmo instante “devolvi” a mensagem, também questionando, “afinal, que filhos queremos deixar para Angola”?
O Presidente João Lourenço, na comunicação dirigida a nação sobre os graves incidentes ocorridos naquele período, referiu, dentre outras coisas, uma variável social implacável que está associado a passividade estrutural da sociedade angolana, quer na sua dimensão bem como na sua conjuntura.
“Este episódio só vem confirmar que a educação dos nossos filhos, dos jovens que serão as mulheres e homens do amanhã, não está nas plataformas e redes sociais que não tem rosto nem identidade, mas na família, na escola e na comunidade comprometida com o presente e o futuro de Angola”, fim de citação.
Mais do que um apelo, trata-se de um alerta.
A sociedade angolana atravessa uma das suas fases mais críticas marcada por intensas campanhas de desinformação e uma confiança pública frágil descolada da realidade.
O diagnóstico feito pelo Titular do Poder Executivo, fez-me recuar no tempo, para recordar com nostalgia uma célebre frase usada repetidas vezes pelo meu professor da 4ª classe, na então escola 8.
“Se vocês fizerem da escola vossa segunda casa, vão fazer das vossas casas vossa primeira escola”, dizia o teacher Samuel Satumba.
A educação, seja ela na família ou na escola é prioridade. É uma questão de dignidade nacional. Ponto.
Sem uma base educacional sólida, onde cidadãos são instados a seguir regras, códigos éticos e morais, qualquer sociedade está condenada a tropeçar no seu próprio caminho.
O país não pode continuar a se conformar numa espécie de solução Tiririca, “pior do que está, não fica”.
Em qualquer discussão sobre o progresso e a eficácia de políticas públicas viradas para as famílias e para o acesso básico à educação, os dados são cruciais.
Conhecer a nossa realidade de forma mais profunda implica não só recolher dados, mas também compreendê-los e agir de acordo.
As políticas precisam de ser ajustadas à medida que novos dados são recolhidos e analisados, garantindo que estamos a construir um presente com direcção e um futuro com rumo, que realmente sirva os interesses dos nossos filhos.
É importante fazer um diagnóstico social participativo, inclusivo, sério e profundo para a identificação das preocupações e necessidades reais e sentidas pelas famílias e escolas nas comunidades e das suas propostas para superar as dificuldades que enfrentam.
Os nossos filhos não podem estar constantemente a perguntar, mas o que é que Angola pode fazer por mim?
Ao contrário, as famílias, a escola e até o próprio Estado, é que devem ter mecanismos para ajudar os nossos filhos a encontrar respostas a questão, mas o que é que eu posso fazer por Angola?
Por fim, quando os adultos hesitam em assumir o seu papel de orientadores, cedendo facilmente a pressões externas, querendo agradar ou deixando adivinhar o seu receio de represálias, desistem do seu importante papel de guias, deixando os filhos mais vulneráveis, num mundo onde ainda não têm recursos para se orientarem sozinhos.