Jornal ÉME – Luanda- 10.09.24 – A histórica Vila de Massangano, localizada no município de Cambambe, província do Cuanza Norte, recebeu (7) a visita dos membros do “Processo 50”, designadamente, Amadeu Amorim, Diogo Ventura e outros integrantes da Associação.

A comitiva dos nacionalistas foi chefiada pelo Secretário do Bureau Político do MPLA para os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Pedro Neto, acompanhado pelos quadros do seu departamento e de jovens pertencentes ao Conselho Nacional da Juventude (CNJ).

No local, a delegação recebeu informações do historiador, Manuel Victor, que explicou detalhadamente os momentos marcantes da presença portuguesa na região, levando os presentes a relembrar a resistência angolana contra o colonialismo português.

Na sua exposição referiu que “o processo 50 assinalou o reafirmar da consciência do povo angolano para a necessidade de encetar uma luta organizada pela Independência, que produziu um abalo estrutural e que se repercutiu na própria essência da sociedade colonial”.

Manuel Victor esclareceu aos visitantes sobre a importância da Batalha de Massangano, ocorrida no longínquo ano de 1580, na qual as forças portuguesas derrotaram o Reino do Ndongo, que resultou, em 1583, na construção do Forte de Massangano que assegurou a ocupação portuguesa na região.

Por seu turno, o administrador do município de Cambambe, António Vitorino Watica, destacou a relevância da vila como Património Nacional e espelhou os desafios sociais e económicos da região.

“O aumento de investimentos é essencial para atender as necessidades da população, principalmente rural, e impulsionar o desenvolvimento local, possibilitando a inclusão da vila no roteiro turístico angolano”, disse.

Os visitantes exploraram os momentos marcantes da presença portuguesa na região, desde a construção de edifícios até os trágicos impactos do tráfico negreiro e da subjugação colonial.

O evento exaltou o legado histórico de Massangano e buscou consciencializar as novas gerações sobre a luta e a resistência do povo angolano na sua caminhada pela Independência.

O percurso inscreveu a visita a primeira administração colonial da Comuna erguida em 1583, a antiga Comarca e a Masmorra que abrigavam prisioneiros e, o Forte de Massangano que outrora serviu as forças portuguesas.

Outras áreas visitadas foram a Praça dos Escravos, local de profunda reflexão sobre o passado trágico de Angola, onde eram vendidos os escravos e levados pelo rio Kwanza para serem transportados ao exterior.

Outros locais de lembrança do tráfico negreiro incluem a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, que guarda mistérios celestiais e testemunhou momentos cruciais da história, como a prisão e os últimos dias de Paulo Dias de Novais que passou cinco anos encarcerado na vila antes de ser sepultado em Massangano.

A ida a Massangano foi um mergulho nas memórias de um passado doloroso e heroico, reforçando a necessidade de se preservar a história da luta e resistência angolanas.

Texto: AP