Jornal ÉME – Luanda – 02.12.24 – A visita de Estado de 72 horas do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, a Angola, iniciada hoje, marca um momento significativo nas relações bilaterais entre os dois países e representa um reconhecimento explícito da crescente relevância de Angola no cenário global.
Este gesto de aproximação política e diplomática ocorre num contexto onde Angola se posiciona como um actor estratégico em várias frentes, nomeadamente na área da energia, segurança regional e desenvolvimento económico, o que justifica o interesse renovado de Washington em aprofundar os laços com o nosso país.
Biden tem encontro agendado com o Presidente da República, João Lourenço, e uma deslocação à Benguela.

ANGOLA COMO UM PARCEIRO ESTRATÉGICO NA ÁFRICA E NO MUNDO
A escolha de Angola como destino da visita do quadragésimo sexto Presidente dos Estados Unidos não é casual. Em tempos em que os Estados Unidos estão cada vez mais atentos ao continente africano e às suas dinâmicas geopolíticas, Angola surge como uma nação chave, com um papel crescente em várias questões estratégicas, não apenas para a região da África Subsaariana, mas também para o panorama global.
Com uma posição geográfica privilegiada, vastos recursos naturais, e uma economia em recuperação, Angola oferece aos Estados Unidos uma plataforma vital para fortalecer suas relações com o continente africano, especialmente quando se considera o seu potencial de crescimento económico, estabilidade política e recursos energéticos.
No campo da energia, Angola continua a ser um dos maiores produtores de petróleo do continente, além de ser um dos principais exportadores de gás natural. Este sector assume uma relevância ainda maior no contexto da transição energética global, já que a produção de recursos fósseis continua a ser uma peça central nas economias africanas.
Para os Estados Unidos, que buscam diversificar suas fontes de energia e reduzir a sua dependência de outras regiões, Angola oferece uma oportunidade estratégica.
As empresas americanas, particularmente as ligadas à indústria do petróleo e gás, têm uma presença significativa no país, o que faz com que a visita de Biden também tenha uma componente económica muito forte, visando fortalecer estas parcerias no sector energético.
ANGOLA E A SEGURANÇA REGIONAL

Além da energia, a segurança regional é outra área em que Angola tem se destacado como um actor relevante. A sua posição estratégica no sul de África e o seu envolvimento em várias missões de mediação e paz, particularmente na região da África Austral e na região leste da República Democrática do Congo, colocam Angola como um pilar de estabilidade na região.
O país tem demonstrado compromisso com a paz e a segurança regional, o que é um valor importante para os Estados Unidos, especialmente no actual cenário de incertezas e conflitos em várias partes de África. Esse reconhecimento é mérito sobretudo do campeão da paz da União Africana, o Camarada Presidente João Lourenço.
O apoio de Angola a iniciativas de segurança e sua capacidade de liderança em organizações como a União Africana (UA) e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) fazem do país um parceiro fundamental para os Estados Unidos no que diz respeito à gestão de crises e à promoção de soluções pacíficas e diplomáticas no continente africano.
Este é um dos aspectos que torna Angola confiável para os Estados Unidos, já que a estabilidade regional é uma prioridade para Washington, que procura evitar a proliferação de instabilidade em regiões próximas de seus interesses geopolíticos.
O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO COMO FACTOR DE ATRAÇÃO
No campo do desenvolvimento económico, Angola também está a trilhar um caminho de reformas e modernização, o que a torna ainda mais atraente para os Estados Unidos. Sob a liderança do Presidente João Lourenço, Angola tem procurado diversificar a sua economia, reduzir a dependência do petróleo e investir em áreas como a agricultura, a indústria, a infraestrutura e as novas tecnologias.
Estas reformas económicas têm o potencial de transformar o país numa economia emergente com um mercado crescente, o que atrai investidores de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos.

O ambiente de negócios em Angola está a ser cada vez mais liberalizado, com a introdução de medidas que buscam melhorar a transparência, a boa governação e a competitividade do país.
Estas reformas têm sido bem recebidas por muitos investidores internacionais, que veem em Angola uma economia promissora, com grande potencial de crescimento, especialmente quando se observa o seu mercado interno em expansão, a sua localização estratégica e os recursos naturais abundantes.
A VALORIZAÇÃO DE ANGOLA COMO PARCEIRO CONFIÁVEL
O reconhecimento de Angola como um parceiro confiável por parte dos Estados Unidos é um sinal claro de que a diplomacia de Washington valoriza cada vez mais o papel de Angola como um actor responsável e comprometido com a estabilidade e o desenvolvimento de África.
Para os EUA, Angola não é apenas um país com vastos recursos naturais, mas também uma nação que está a construir um futuro mais estável, democrático e próspero. O diálogo entre os dois países, especialmente em áreas como o comércio, a segurança e o desenvolvimento, é fundamental para promover a paz e a prosperidade, não só para Angola, mas também para toda a região.
Em suma, a visita de Joe Biden a Angola é um marco importante nas relações entre os dois países, refletindo uma nova fase nas dinâmicas políticas e económicas globais.
Angola, com o seu potencial energético, a sua capacidade de liderança na segurança regional e os seus esforços para impulsionar o desenvolvimento económico, surge como um parceiro estratégico para os Estados Unidos em África.
A visita de Biden é uma oportunidade para consolidar essas relações e aprofundar a cooperação em áreas vitais para o futuro de ambos os países, bem como para a estabilidade e o crescimento de toda a região africana.
Texto: Emmanuel Magalhães