OPINIÃO
Jornal ÉME – Luanda – 01.10.24 – Para Joe Biden, 46° Presidente dos Estados Unidos da América, maior superpotência mundial, Angola é uma “paixão americana”, cuja realidade concreta conhece e domina de cor e salteado há quase 50 anos.
No dia 4 de Fevereiro de 1976, por sinal um feriado nacional em Angola, Joe Biden, na altura experiente senador democrata fez a seguinte declaração perante o Subcomité dos Estados Unidos para África.
“Só porque os soviéticos tiveram uma considerável influência sobre o MPLA, não é razão para termos de passar pela União Soviética.
Parece-me que, pelo menos, temos de iniciar tentativas de dialogar directamente com o MPLA. Eu espero que possamos fazer isso. Não estou de jeito confiante de que isso ocorra, mas parece-me que faria sentido se assim procedêssemos”, referiu na altura Joe Biden.
Há quase 50 anos, o então SENADOR Joe Biden já nutria um sentimento algo platónico um por Angola.
Agora como PRESIDENTE, Joe Biden vai consumar efectivamente entre os dias 13 e 15 de Outubro, durante a sua visita de Estado, sem sombra de dúvida histórica , a sua visão sobre a “paixão americana” por Angola, que se assume não só como necessária, mas sobretudo prioritária.
Mais do que um claro jogo de interesses e influências, o momento histórico da visita de Estado do Presidente norte-americano, servirá para eliminar a interpretação equivocada de que o desenvolvimento de parcerias entre os Estados, passa sempre pelo facto do mais forte dominar o mais fraco, tanto pelos interesses permanentes quanto pelos interesses circunstanciais, que tendem muitas vezes sobrepor o curso dos grandes interesses nacionais.
Creio que não passa pela cabeça do Presidente Joe Biden, político de 81 anos, dos quais 50 dedicados a causas políticas em África, desperdiçar, aquela que é na essência a arte de estar com todos no campo da diplomacia.
Sabe-se que quando o assunto é política externa, os Estados Unidos da América têm como slogan a célebre frase, ‘de que a única forma de garantir almoço e jantar é não hostilizar o anfitrião logo no matabicho’.
A visita do Presidente norte-americano a qualquer País e em qualquer condição é sempre um marco, pois tem o seu peso histórico e sua relevância diplomática, dado o seu papel de veículo prestador de um serviço de Estado politicamente preponderante.
Embora os críticos e cépticos considerem que os resultados da nova era da diplomacia angolana, sob liderança do Presidente João Lourenço iniciada em 2017, não sejam tão óbvias, a verdade é que sempre estiveram a vista de todos.
E a presença de Joe Biden em Angola, mais do que uma vitória do Presidente João Lourenço na arena diplomática internacional, pode ser considerada a cereja no topo do bolo da sua governação, porque ao adquirir vantagens e a somar pontos para a politica externa do País, fica subjacente o reposicionamento de Angola no concerto das Nações.
Pois é correcto afirmar, que hoje o nosso País não é zona de influência de nenhuma grande potência, mas sim uma zona de confluência das grandes potências.
Os que ainda estão surpreendidos e boquiabertos com essa jogada do “exímio xadrezista” João Lourenço vão procurar defeitos para evitar denunciar a sua paixão e admiração.
Os que a odeiam, fazem-no pela dificuldade em reconhecer virtudes nessa empreitada cujos riscos estão calculados, dada a sua força motriz, pois com certeza será capaz de estimular uma cooperação bilateral mais abrangente com oportunidades de investimentos e parcerias em áreas chaves de interesse comum.
Mas não tenhamos ilusões.
Visitas de Estado como a que será efectuada pelo Presidente dos Estados Unidos da América abrem portas e pouco mais.
Na verdade, o trabalho para obtenção dos resultados começa quando acabam as visitas de Estado.
Aos empresários, investidores e homens de negócios cabe ou deveria caber o mais importante.
Entrarem em cena e provarem que são capazes de ajudar o País a sair da situação difícil que se encontra.
Tenho dito:
*Militante Kambwengo do MPLA