Opinião

A narrativa populista que o principal partido da oposição em Angola vem adotando nos últimos tempos tem suscitado diversas preocupações, especialmente em relação à falta de ética política, a agenda de desinformação contra os principais órgãos de soberania e à superficialidade das suas propostas. Esse partido, que deveria ser uma voz crítica e construtiva, capaz de apresentar alternativas viáveis ao Executivo em funções, parece cada vez mais inclinado a adotar um discurso simplista, demagógico e centrado na capacidade de marcar agenda política e mediática, alimentando-se do descontentamento popular e protestos sem oferecer soluções concretas.

O populismo, como sabemos, é uma estratégia política que se aproveita das insatisfações da população para ganhar apoio, muitas vezes através de promessas vazias ou irrealizáveis. No caso angolano, essa abordagem é particularmente perigosa, dado o contexto socioeconômico delicado do país. Ao invés de estimular um debate saudável e fundamentado sobre os reais desafios que o nosso país enfrenta, o partido do galo negro opta por slogans e retórica inflamada, difamatória e ressabiada, que pouco contribuem para o avanço democrático e o desenvolvimento sustentável.

Além disso, a falta de ética política tem sido um ponto nevrálgico nessa narrativa populista. Ataques pessoais, acusações infundadas e uma postura beligerante vêm se tornando práticas recorrentes. Isso não só compromete o próprio partido, que deveria primar pela seriedade e responsabilidade, como também enfraquece o tecido democrático de Angola. A política deve ser um campo de ideias e propostas, não um ringue de combate onde vale tudo para atingir o poder.

Em meio a esse cenário, a figura de um “general fala barato” emerge como um símbolo da degradação do debate político no país. Este indivíduo, ao invés de contribuir com análises ponderadas e estratégicas, prefere adotar um discurso inflamado e sensacionalista, muitas vezes desprovido de fundamento. Suas declarações públicas, frequentemente amplificadas pelas redes sociais e pela comunicação social, acabam por distrair o público dos verdadeiros problemas que afetam a nação, criando um ambiente de polarização e desinformação.

É crucial que a sociedade angolana esteja atenta a esses movimentos. O populismo, aliado à falta de ética política e à superficialidade de figuras como o “general fala barato”, representa um risco significativo para a estabilidade e o progresso do país.

O espaço e o debate político encontram-se dominados ou mesmo anulados, pela agenda mediática e pela voracidade das redes sociais, pelo que o debate outrora centrado na vertente ideológica e programática se centra neste momento, no exercício diário de poder e na proliferação desses conteúdos produzidos para descredibilizar as instituições democráticas e os seus dignos representantes.

O desenvolvimento de Angola depende de um debate político maduro, informado e responsável, onde a crítica construtiva e as soluções reais sejam as protagonistas. Cabe aos cidadãos, à comunicação social e às lideranças conscientes rejeitar o caminho fácil do populismo e exigir mais seriedade e compromisso de seus representantes.

Manuel Magalhães