Jornal ÉME – Luanda – 02.09.24 – O percurso de sete décadas e meia sobre o início da proclamação das independências africanas já produziu experiência testada á volta da verdade sobre os GOLPES DE ESTADO.

Muitos factos e interpretações da nossa história recente, que se deram por adquiridos estão longe da verdade.

Alguns registos dos GOLPES DE ESTADO em África, apontam para números á volta das três centenas entre tentativas fracassadas e consumadas, desde a década de 1950.

Há, no entanto, uma regra sem excepção que todos os GOLPES DE ESTADO concretizados estabelecem.

Dos GOLPES DE ESTADO não resultam projectos políticos verdadeiramente comprometidos com a democracia.

Para comprovar o facto é preciso revisitar os acontecimentos com a cabeça fria, sem ideias feitas, nem preconceitos ideológicos, escalpelizar sim, reduzir ao osso e tentar a partir daí construir uma narrativa mais fresca, mais viva, menos teorizada e mais real.

Todos os poderes emergidos dos GOLPES DE ESTADO, por via de regra, são totalitários.

Os exemplos são intermináveis e não deixam dúvidas.

Do Mali ao Gabão, passando pela Guiné-Conacry, Burkina-Faso, Niger e Tchad, os GOLPES DE ESTADO tiveram sempre como consequência, senão a instauração, pelo menos a tentativa de instalação de poderes tão ditatoriais quanto aos regimes que derrubavam.

Até os novos golpes, encobertos por revoluções populares, não escaparam ao padrão

Em resumo, os GOLPES DE ESTADO são uma falsa promessa de transição para regimes progressistas.

É isso que dita a história da luta pelo poder poder político em África.

Tenho dito
02.09.2024

De: Nzongo Bernardo dos Santos

*Militante Kambwengo do MPLA