Jornal ÉME – Luanda – 13.02.25 – No âmbito da 2.ª Edição das Jornadas “Heróis da Liberdade e dos Nacionalistas Angolanos”, a Vice-Presidente do MPLA, Mara Quiosa, prestou hoje (14/02) em Luanda, uma singela homenagem à nacionalista Luzia de Sousa Inglês “Inga” pelo seu contributo no processo de luta armada de libertação nacional.

O tributo que decorreu na residência da homenageada, situada no Bairro Patriota, contou com as presenças dos membros do Secretariado do Bureau Político, do Conselho de Honra do Partido, Secretariado Executivo Nacional da OMA, da Comissão Executiva do Comité Provincial de Luanda e de familiares.

Ao falar em nome da Direcção do Partido, o Secretário do Bureau Político para os Assuntos Políticos e Eleitorais, João de Almeida “Jú Martins” disse que a iniciativa surgiu de uma orientação do Presidente do MPLA, João Lourenço, na necessidade da Direcção do Partido estar cada vez mais próximos dos precursores da gesta luta do povo angolano.

O dirigente ressaltou que todos os antigos combatentes, quer prisioneiros políticos, e os que estiveram na clandestinidade, na luta de guerrilha, devem merecer o carinho, a aproximação e a empatia da Direcção do MPLA.

Por sua vez, a homenageada destacou que a cerimónia constituiu uma “grande honra” para si em ser alvo de distinção, pois reconhece o mérito dos antigos combatentes, presos políticos e guerrilheiros, que muito deram para que Angola fosse um País independente.

Num ambiente bastante descontraído onde a música e a dança marcaram o seu espaço, foram igualmente ouvidos depoimentos de uma mulher de dimensão internacional, como dirigente, mãe, colega, companheira, religiosa e vizinha.

Vale recordar que o Presidente João Lourenço, ao dirigir uma mensagem à Nação por ocasião do 46.⁰ aniversário da Independência Nacional, afirmou que “Este é um momento de reconhecimento e de gratidão a todos os que lutaram, suaram, verteram o seu sangue e deram as suas vidas para que, das trevas da noite, nascesse a luz da liberdade”.

BREVE BIOGRAFIA DE LUZIA INGLÊS

Nascida em Luanda aos 11 de Janeiro de 1948, Luzia Pereira de Souza Inglês Van-Dúnem é filha de Guilherme Pereira Inglês, um importante pastor metodista que participou dos primórdios da resistência angolana ao colonialismo Português, sendo assinado em 1961.

Este acontecimento trágico influenciou a decisão de Van-Dúnem, ainda adolescente, de se exilar no Congo, em 1964, onde completou o estudo secundário e juntou-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola – MPLA em Brazzaville, tornando-se uma das pioneiras da Luta de Libertação Nacional. Ela perdeu vários membros de sua família durante a luta armada, incluindo uma irmã e um irmão – mortos na década de 1960.

Entre 1964 e 1967, Van-Dúnem esteve em Kinshasa (República Democrática do Congo) com o MPLA, e depois em Brazzaville (República do Congo), onde recebeu instruções para ser combatente. Passou a maior parte da luta armada na província Moxico (Angola) ministrando aulas de alfabetização. Identificada nos documentos da polícia política portuguesa, a PIDE, pelo pseudônimo de “Nina”, recebeu instrução militar e treinamento técnico especializado em curso de rádio e telecomunicações realizado na União Soviética (1969-1970).

Com a formação técnica recebida no exterior, teve destacada atuação nos setores de logística, organização financeira e inteligência militar. Em 1973 foi designada como Chefe de Comunicações de Cassamba e logo passou a chefiar todas as comunicações do MPLA em Dar-es-Salaam (Tanzânia).

Com a independência, foi a chefe de gabinete do Centro de Comunicações do Governo de Agostinho Neto. E a partir de 1979 ocupou postos estratégicos no governo de José Eduardo dos Santos. Neste período, transformou o Centro de Telecomunicações em um órgão específico de gestão e refinamento de informações de caráter militar.

Entre 1991-1999 acompanhou o marido, que é um diplomata, em serviços de representação da República de Angola na ONU, onde coordenou o Grupo de Mulheres Africanas naquela instituição.

De retorno ao país, foi eleita Secretária Geral da Organização da Mulher Angolana – OMA, a ala feminina do MPLA criada em 1961, tomando uma série de iniciativas para que a representatividade das mulheres fosse ampliada no governo.

Em 2014 tornou-se a primeira mulher a ser promovida ao posto de oficial General, e em 2017 foi eleita para a Assembleia Nacional como deputada.

Texto: DN
Fotos: AKP