HONRA AOS HERÓIS DO 4 DE FEVEREIRO

Jornal ÉME – 04.02.23 – Luanda – Angola regista nas suas páginas douradas marcos históricos que muito honram e valorizam todos os angolanos e angolanas que, de forma persistente e com muita bravura, lutaram pela nossa liberdade.

Os acontecimentos ocorridos na madrugada do 4 de Fevereiro de 1961 são uma prova indelével e incontornável do longo percurso que o povo angolano trilhou resistindo à exploração e opressão colonial.

Seguindo a máxima de que “a história não se apaga”, hoje recordamos este acto heroico desencadeado por um grupo de patriotas angolanos, que ao desferirem vários ataques, entre eles à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão em Luanda, protagonizaram o início da Luta Armada que culminou com a Proclamação da Independência Nacional a 11 de Novembro de 1975.

Estavam assim lançados os alicerces para a concretização dos grandes desígnios nacionais que actualmente consubstanciam-se na consolidação das bases do desenvolvimento socioeconómico do país, mediante uma política que privilegia a diversificação da economia e uma forte aposta na autossuficiência alimentar, além do incremento dos múltiplos programas de assistência social tendentes a reduzir a fome e a pobreza.

Por ocasião do 62º aniversário do 4 de Fevereiro de 1961, celebrado em todo território nacional, sob o lema “Preservando os valores da Pátria, Honremos os nossos Heróis”, o Jornal ÉME, órgão oficial de informação e imprensa do MPLA, manteve um diálogo com figuras distintas da nossa sociedade que tiveram uma participação directa na gênese do início da Luta Armada de Libertação Nacional, nomeadamente, Engrácia Cabenha Adão, a também conhecida por “Rainha do 4 de Fevereiro”, e o nacionalista Amadeu Francisco Martins, conhecido por “General Kalunga”.
Estes e outros cidadãos sacrificaram a sua vida em defesa dos ideais de libertação do povo angolano.

ENGRÁCIA FRANCISCO CABENHA ADÃO

Engrácia, também conhecida por “Rainha do 4 de Fevereiro”, é um símbolo da gesta heroica e patriótica daqueles que assumiram a dianteira e marcaram o primeiro passo para a luta armada no célebre dia 4 de Fevereiro de 1961.

A única mulher que participou directamente nos ataques desencadeados à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão em Luanda, defende que a história “sobre o 4 de Fevereiro precisa ser bem e melhor contada, porque nós não pegamos nas catanas para lutar contra os colonialistas em vão”.

A anciã que este ano completa 80 anos, reconheceu ao Jornal ÉME que “felizmente o Executivo liderado por João Lourenço está a dar o devido reconhecimento aos combatentes de 4 de Fevereiro que ainda estão vivos, honrando assim o passado e a nossa história”.

“Neste momento estou muito triste pelo estado lastimável em que se encontra o marco histórico do 4 de Fevereiro, ali no Cazenga, em nada nos honra”, realçou a Rainha.

Para a nacionalista, “ainda temos de aprender as lições que os nossos heróis nos deram para que sejamos capazes de construir o país que amamos e queremos”, lembrando que Agostinho Neto e o MPLA são, entre outros, protagonistas do 4 de Fevereiro de 1961.

AMADEU FRANCISCO MARTINS

Conhecido por “General Kalunga”, Amadeu Martins faz parte do grupo restrito dos 14 sobreviventes que participaram directamente nos ataques do 4 de Fevereiro de 1961.

Com a voz embargada pela emoção, o General Kalunga contou que “tinha 20 anos e a fazer a 4ª classe do tempo colonial quando decidi abraçar com todas as minhas forças as causas nobres que estiveram na origem do 4 de Fevereiro de 1961”.

“Entre os dias 2 e 3 de Fevereiro de 1961, fomos orientados pelo Presidente Agostinho Neto a atacar as cadeias de São Paulo e a Casa de Reclusão. O MPLA foi o movimento político revolucionário que desencadeou o 4 de Fevereiro de 1961. Quem nega isso está do lado errado da nossa história”, relembra o General Kalunga.

“Quando recebemos o comunicado feito pelo MPLA a partir da Guiné Conacri, sentimos que os nossos esforços não tinham sido em vão e muitos de nós nos entregámos de corpo e alma, para que esta luta tivesse o desfecho para a qual havíamos planeado e traçado, custe o que custar”, frisou o veterano nacionalista.

Texto: NBS/ EMS – Foto: DDS
Edição: LG