TEXTO DE OPINIÃO
Jornal ÉME-12.09.24- Luanda – Há sempre maneiras diferentes e diga-se até mais elevadas de olhar para as incidências do recente encontro nacional mantido entre o Líder e Presidente do MPLA e os Primeiros Secretários dos CAP’s.
E uma delas, que não deixa de ser óbvia, está relacionada com o forte significado que nos últimos tempos é dado ao termo CAMARADA.
No encontro entre o Presidente João Lourenço e os Primeiros Secretários dos CAP, ficou nítido e patente, que um CAMARADA, é um companheiro de luta, de causas e de jornadas, sendo mesmo um irmão, pois muitas vezes a camaradagem supera a própria irmandade biológica.
Mas no referido encontro, ficou ainda subjacente, que temos de fazer do termo CAMARADA, uma força interior, porque nos últimos tempos, o termo tem caído um tanto quanto na banalização, por culpa de indivíduos, que se assumem como ‘camaradas’, nos meios mediáticos, em actividades oficiais e no universo digital, mas que não possuem identidade, nem cumplicidade com os ideias e valores quer da estrutura, quer da matriz ideológica do glorioso MPLA.
Afinal, quais devem ser os valores, os anseios e as expectativas que devem nortear a maneira como tratamos alguém por CAMARADA?
Hoje, procuramos construir tanta coisa á volta do termo CAMARADA, que não chegamos a construir a nós mesmos.
Viu-se no referido encontro, que em algum momento do tempo, ficamos adiados no lema “descer as bases para subir com elas”, pois em algum momento do nosso percurso nos diapersamos, perdendo o sentido dos valores essenciais.
Hoje, quando se diz que o MPLA é um partido dos CAMARADAS, será que os novos militantes sabem ao certo o que é ser CAMARADA?
Será que nós, os militantes mais antigos ainda temos o mesmo espírito, a mesma garra de camaradagem de outros tempos.
Pelo que se sabe, a camaradagem implica acreditar na importância da dignidade, da solidariedade e do respeito pela crítica e auto-critica, como alavancas para uma convivência comum e salutar.
Temos de ver cada um dos nossos CAMARADAS, como um fim em si mesmo, sim temos de nos identificar uns com os outros.
Todas as sociedades e organizações vivem conflitos no seu seio.
E tal processo, ao invés de levar os alienados a ficarem divididos entre o cumprimento ou seguimento da estratégia dos iluminados e a solidariedade dos eliminados, deveria ser um espaço e palco para reaprendizagem, de pedagogia, de reavaliação do que somos, do que fazemos e do que queremos.
Que no congresso extraordinário de Dezembro, se discuta também entre os militantes do nosso glorioso MPLA, o que é ser CAMARADA, quais os seus valores, missão e expectativas.
Enfim, pensemos nisso CAMARADAS.
De: Nzongo Bernardo dos Santos