Jornal ÉME- Luanda- 17.09.24- Hoje, são passados exatamente 102 anos do nascimento do Dr. António Agostinho Neto, figura angolana mais proeminente do século 20 e, desde o dia 10 último, 45 anos do seu passamento físico.

Ícone da luta de libertação nacional, Agostinho Neto proclamou a Independência Nacional a 11 de Novembro de 1975 e foi Presidente da República por escassos, mas intensos, 4 anos.

Embora a sua vida tenha durado apenas 57 anos, celebrar o dia do Herói Nacional e Fundador da Nação, é um marco simbólico que permite revisitar a figura deste singular personagem, que se destacou e marcou a história contemporânea do nosso País.

Os 45 anos marcados pela ausência física de Agostinho Neto, nos leva a pensar e acreditar que Angola seria diferente se o seu ciclo de vida fosse mais longo do que foi.

Feliz ou infelizmente, o legado político de Agostinho Neto e da sua geração, tende a ser julgado em função das condições políticas, sociais e económicas actuais e, de uma forma geral, do nível de satisfação das novas gerações, embora ainda estejam vivas pessoas que o conheceram, que comungaram com ele das mesmas convicções, que caminharam juntos ou que tomaram caminhos divergentes.

Hoje as novas gerações são muito permeáveis a sensacionalismos, há uma maratona de impropérios que se atiram para as redes sociais, misturada com desinformação geralmente muito ruidosas, em parangonas vermelhas com uma adjectivação a raiar o criminal, pelo que urge necessário para quem tem responsabilidades no País promover debates intergeracionais, para que se possa destrinçar entre o período que Agostinho Neto governou, de 1975 a 1979, as tarefas que desenvolveu, o rumo que traçou e tudo o que se passou após a sua morte.

Nesse sentido celebrar o dia do Herói Nacional e Fundador da Nação é sempre um momento para avaliar o que foi feito e o que não foi feito, o que foi descontinuado e que redundou em perdas e recuos enormes para os angolanos, com as consequências que hoje conhecemos.

A memória oral e documental sobre Agostinho Neto e a sua visão para a saúde, a educação, a agricultura e governação, devem continuar a ser recolhidos, inventariados , organizados para ser estudados em vários formatos, quer seja no digital ou em papel.

É preciso investir nesse domínio, sem, contudo deixar de incentivar os hábitos de leitura, pois sem leitores, dificilmente teremos homens cultos e conhecedores da vida de obra Agostinho Neto.

Embora tivesse suas contradições e fragilidades, como um ser humano as tem, Agostinho Neto amava a vida, a verdade, a educação patriótica, imprescindível para que o amor á Pátria não se venda por qualquer niquice.
E mais do que isso, destaca-se pela sua avultada capacidade de mobilização, de organização e de diplomacia.

Enfim, Angola só sai a ganhar com o reencontro das virtudes e talentos de Agostinho Neto, o Poeta maior, que escreveu a célebre frase, “EU JÁ NÃO ESPERO, SOU AQUELE POR QUEM SE ESPERA”.

De: Nzongo Bernardo dos Santos