Jornal ÉME – Luanda – 04.12.24 – A visita de 72 horas do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Angola, terminada hoje dia 4 de Dezembro, constitui um marco importante nas relações bilaterais entre os dois países e no desenvolvimento económico de Angola e da região.

A presença de Biden em Luanda, durante três dias intensos de encontros e negociações, não só serviu para estreitar os laços diplomáticos, mas também para consolidar compromissos estratégicos que visam fortalecer a economia angolana e posicioná-la como um actor chave no futuro do continente africano.

O discurso do Presidente Biden foi claro e relevante: “O futuro do mundo está em Angola”. Esta afirmação, longe de ser um mero elogio, reflete a crescente importância de Angola no cenário geopolítico global.

Não apenas devido à sua posição estratégica em África, mas também pelo seu potencial económico e a estabilidade política que, apesar dos desafios actuais, Angola tem vindo a consolidar nos últimos anos. Biden não deixou de sublinhar o compromisso dos Estados Unidos com Angola, afirmando que o país está “plenamente dedicado” à nação angolana, e este compromisso foi tangível ao longo de sua visita.

O destaque da visita foi, sem dúvida, a cimeira do Lobito, que reuniu cinco chefes de Estado da região e foi um momento crucial para discutir e valorizar investimentos fundamentais para o desenvolvimento infra-estrutural e energético de Angola. Esta cimeira, um marco diplomático de grande relevância, teve como ponto central o “Corredor do Lobito”, um projecto que promete alterar a dinâmica de conectividade de toda a África Austral.

O Corredor do Lobito não é apenas uma infraestrutura de transporte; é uma via que unirá pela primeira vez o Oeste ao Leste do continente africano, conectando Angola a países como a República Democrática do Congo, Zâmbia e Tanzânia.

Este projecto permitirá a circulação mais eficiente de mercadorias, a redução dos custos de transporte e a melhoria da competitividade de Angola como um hub logístico e comercial de primeira ordem. A construção e operacionalização deste corredor são fundamentais para desbloquear o potencial de crescimento económico e fortalecer a integração regional.

No que diz respeito ao sector energético, outro pilar importante da visita foi revistar os acordos em vigor para o desenvolvimento de energias renováveis, com destaque para a energia solar.

O Presidente Biden e o Presidente João Lourenço concordaram em implementar projectos que ajudarão Angola a alcançar a meta de produzir 75% da sua energia a partir de fontes limpas já no próximo ano. Este esforço, que se insere no contexto da transição energética global, é essencial não só para a redução da dependência de combustíveis fósseis, mas também para a sustentabilidade ambiental e o fortalecimento da infraestrutura energética no país.

A energia solar tem, para Angola, um potencial gigantesco, dada a abundância de sol durante a maior parte do ano. A implementação de projectos solares irá permitir que mais regiões do país, especialmente as mais remotas, tenham acesso a energia de qualidade, promovendo o desenvolvimento económico local e melhorando as condições de vida da população.

Além disso, o país poderá tornar-se num exportador de energia limpa para a região, abrindo novas oportunidades de mercado e diversificando a sua economia.

Outro elemento crucial que mereceu destaque foi a questão das telecomunicações. Durante a visita, foram anunciados investimentos significativos para a atualização das infraestruturas de comunicações, com o objetivo de interligar todas as redes de internet de alta velocidade no país.

A expansão da conectividade digital é uma prioridade para Angola, pois a internet de alta velocidade não só facilita a comunicação, mas também impulsiona a inovação e o empreendedorismo, além de permitir a integração digital do país na economia global.

A modernização das infraestruturas de telecomunicações representa, portanto, um passo decisivo para colocar Angola na vanguarda da transformação digital em África. A conectividade em rede, o acesso à informação e a digitalização dos serviços públicos e privados são ingredientes essenciais para garantir que o país aproveite as oportunidades trazidas pela economia digital e por uma sociedade cada vez mais interconectada.

A visita de Biden a Angola não só serviu para consolidar os laços entre os dois países, mas também para colocar Angola no centro das atenções globais. A afirmação do Presidente dos EUA de que “o futuro do mundo está em Angola” deve ser encarada como um reconhecimento do papel crescente do país no cenário global. As parcerias estabelecidas, os projectos anunciados e os compromissos assumidos durante esta visita representam uma oportunidade única para Angola e para toda a região da África Austral.

O futuro de Angola, como sublinhou Biden, está profundamente interligado com o desenvolvimento da sua infraestrutura, da sua economia e da sua capacidade de se afirmar como um polo de inovação, sustentabilidade e integração regional.

É um futuro que começa a ser desenhado hoje, com o apoio e o envolvimento de parceiros internacionais como os Estados Unidos, e com a determinação de Angola em aproveitar todas as suas potencialidades para criar um desenvolvimento económico sustentável e inclusivo.

Em resumo, a visita de Joe Biden a Angola foi um marco histórico não só nas relações entre os dois países, mas também na construção de um futuro mais próspero para Angola e para a região. As bases para o desenvolvimento da infraestrutura, a sustentabilidade energética e a modernização digital estão lançadas. Agora, cabe a Angola e aos seus parceiros internacionais concretizar as promessas e tornar estas visões numa realidade palpável para as gerações vindouras.

Texto: Emmanuel Magalhães