EXECUTIVO CONTINUA EMPENHADO NA ELIMINAÇÃO GRADUAL DOS SUBSÍDIOS

Jornal ÉME – Davos – 23/01/25 – O Executivo angolano continua empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, afirmou em Davos o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg.

“O Governo mantém-se empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025, pois isso poderia criar “dificuldades desnecessárias” para os cidadãos do país, acrescentou o governante que está a representar o Presidente angolano, João Lourenço, na 55ª Reunião Anual do Fórum Económico Mundial,

Na entrevista, o ministro de Estado anunciou ainda que o Governo pretende angariar até 2 mil milhões de dólares em Eurobonds (títulos da dívida em moeda estrangeira) este ano, no âmbito dos esforços para alargar os prazos de vencimento e reduzir o custo da dívida.

“Este ano, vamos aos mercados para emitir Eurobonds”, afirmou José de Lima Massano, realçando que “não será diferente do que fizemos antes: mil milhões de dólares, podendo ir até 2 mil milhões de dólares.”

Para o ministro de Estado, os preços e prazos de vencimento da dívida são “críticos, para que não haja pressão adicional sobre a dívida pública. Espero que a inflação mantenha esta tendência descendente para que tenhamos acesso a fundos em termos cada vez mais favoráveis”.

Angola celebrou recentemente dois acordos de financiamento com o JPMorgan Chase & Co. no valor de mil milhões de dólares, fundos que serão utilizados para financiar o orçamento do país para 2025, incluindo projectos de infra-estruturas que visam aumentar o abastecimento de água, a eletricidade e os hospitais, segundo Massano citado pela Bloomberg.

Questionado sobre se o seu Governo estava a preparar novos acordos de financiamento semelhantes aos celebrados com o JPMorgan, Massano disse que Angola “continua à procura de oportunidades”.

“Estamos a tentar, tanto quanto possível, alargar os prazos de vencimento”, frisou o chefe da equipa económica, sublinhando que o país está a seguir as orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de gestão de recursos, mas não considera, nesta altura, outro programa de financiamento com o Fundo.

Recordou que a economia angolana deverá expandir-se cerca de 4% este ano, em comparação com um crescimento de “pouco acima de 4%” em 2024, apontando para esse desempenho sectores fora do petróleo e o programa de privatizações.

“Continuamos a procurar formas de eliminar os estrangulamentos da economia para que as empresas possam continuar a crescer. Por isso, esperamos que 2025 seja outro bom ano”, sublinhou.

Quanto às privatizações, o ministro de Estado disse que nos próximos meses vão privatizar a empresa de telecomunicações UNITEL, sendo que parte desta operação está a ser feita através da bolsa de valores. O Governo irá também alienar participações no Banco de Fomento Angola, o seu segundo maior banco, e na unidade local do Standard Bank Ltd.

As três empresas estão entre as maiores das quase 200 empresas e activos estatais que o Governo inicialmente marcou para alienação em 2019, com vista a angariar dinheiro e diversificar a economia para além do petróleo.

De acordo com o ministro de Estado, mais de metade dessas empresas já foram privatizadas. “Decidimos lançar um programa massivo de privatizações de empresas estatais. Está a acontecer.”, frisou.