Constantino dos Santos
__________________________________

Jornal ÉME – 08.02.22 – O presidente da Associação dos Antigos Combatentes, Constantino dos Santos, considerou recentemente, em Luanda, que o ataque perpetrado por patriotas angolanos à Casa de Reclusão, no dia 4 de Fevereiro de 1961, representou o maior golpe infligido às hostes militares portuguesas.

O líder associativo fez essas declarações quando falava em entrevista concedida ao Jornal ÉME, por ocasião do Dia 4 de Fevereiro, data do início da Luta Armada de Libertação Nacional. 

“No período que antecedeu este memorável dia, houve pequenos beliscões, manifestações de vulto, mas nenhuma delas foi tão incisiva em ter algum medo às hostes portuguesas, como essa do 4 de Fevereiro”, apontou.

Segundo o interlocutor, a manifestação de repulsa contra o Estado colonial português era como um “barril de pólvora” que explodiu apenas no dia 4 de Fevereiro. “Um pouco por toda a parte sentia-se essa repugnância, resultante dos maus tratos que os colonialistas infringiam às populações”.

Constantino dos Santos referiu,  que a preparação para o ataque à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão, deu-se com maior acutilância e organização, para não dar tréguas aos colonialistas, pois registavam-se a sucessão de prisões, e os organizadores da ofensiva acharam por bem começar pela libertação das cadeias.

Ao descrever o sucesso da acção, o líder da associação, realçou que foi com armas brancas (catanas) que saíram às ruas e se infligiram os primeiros golpes aos portugueses.

“A vontade firme e humilde de nos libertar do regime colonial, determinou que fôssemos crescendo não só pelas armas que possuíamos. Nós começamos com catanas, bengalas e outros instrumentos que servisse para expulsar o colonialista da nossa terra”,referiu.

Constantino dos Santos solicitou que os historiadores agreguem conhecimentos para a história e dar a devida relevância ao golpe “rude e duro”, que se infligiu no dia 4 de Fevereiro aos colonialistas.

Constantino dos Santos que contava com 15 anos de idade na época, frequentava os estudos no Colégio Infante Sagres, ligado ao Liceu Salvador Correia de Luanda. Guarda na sua memória a morte de familiares e de outros indivíduos vítimas da acção colonial na cidade da Gabela, província do Cuanza-Sul.

Reconheceu que 61 anos depois desta epopeia, “há necessidade de se prestar maior atenção aos iniciadores da luta armada, para honrar os feitos daqueles que libertaram o país do controlo do sistema colonial português”.

Constantino dos Santos exortou a nova geração no sentido de conhecer a história de Angola, bem como os feitos do 4 de Fevereiro de 1961, augurando que tenham o melhor e saibam aproveitar os ganhos conquistados por patriotas angolanos.

JG/DN